quarta-feira, 30 de setembro de 2015

POR TRÁS DAS QUATRO LUAS





                                      POR   TRÁS   DAS   QUATRO   LUAS
                                      EU   PERCEBO   A   MÚSICA   DAS   ESTRELAS
                                      EM   NOITES   QUE   VÃO   EM   SILÊNCIOS
                                      AS   VEZES   CLARAS,   OUTRAS   ESCURIDÃO
                                      NO MEU LEITO A PENSAR
                                      OU   TALVEZ   NUM   ETERNO   SONO
                                      PERDIDA    NA   MELODIA
                                      QUE      A   LOUCURA   RECONHECE







sexta-feira, 18 de setembro de 2015

uma tarde qualquer



Meus pés descalços roçam os pés da mesa
Ferro gelado e depois desço
Os dedos nus até o concreto liso
Sugando a temperatura do chão, o sol
Delimita seu espaço morno
Entrando pela sacada aberta para a cidade
Ninfas vindas de uma luz fecunda
Ainda que sorrateira e muito disfarçada
Pelas sombras forjadas de edifícios longos

 ( estou cansada do medo
afinal, eu sei
que eu nasci na beira da revolta
nasci na selva )

Esse monstro amarrado
Que a minha vontade conduz
Memória que nunca dorme
Criaturas que somos
Em vidas transitórias
Como os sonhos que sonhamos

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

me acorde




( amor, amor
  bata na porta
  docemente
  bata, bata
  acorde esse antro
  disperse as ofensas
  amor
  amor
  bata na porta
  esse túmulo de solidão
  docemente
  na porta amor
  bata
  no meu rosto
  acorde-me
  meu sonho maligno
  essa sombria desilusão ) 

ao ver teu rosto diante do meu sonho louco talvez eu saia por aí apenas para comprar maçãs e deixar as ondas chegarem nos meus pés ao acaso vender qualquer coisa e poder viver com tranquilidade e tomar chá e despejar vodca nos calcanhares na areia ir ao cinema como todo mundo faz e escovar os dentes num sorriso de sol 











quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Divindades esquecidas




se tivesse sido diferente entre nós,
estaria ao teu lado dentro da nossa confusão
bebendo da taça de alguma deusa pagã
largando as roupas por cima do lixo
deixando o lixo acumular
deixando a vida passar, ébria, linda, solta

no final das contas somos demônios
que não conseguem felicidade
nem através das vísceras, nem pelo pensamento

essa é a pouca poesia que nos resta
depois de termos desfrutado dela
como ferozes ventos por cima da terra




segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Bem, diga adeus, diga adeus



Deixei  a paisagem passar
submissa a esse tipo de pensamento que leva a ter esperanças, vagas
Era só uma visão. 
Mas meu coração queria mais, eu queria, 
acomodando a saudade 
            instalar confortavelmente, como nunca permitira 
                   antigas percepções e lembranças  bem à vontade.

Chorando na rodovia sem nenhuma parada para um café sem chamada a cobrar sem endereço sem. 

( Eu acabara de largar uma vida para trás e ainda assim sabia que a abandonada era eu )

A escolha agora era minha, e o sofrimento maior também. Sigilo meu comigo. 
Incrível melancolia de uma criança querendo a atenção daquela mulher gigante,
aquela mulher:  rosas nos cabelos apenas para sentir os espinhos, 
movida pelas mesmas coisas que todos os outros ao seu redor
gigantes
Uma criatura estranha que se transformara em algo mais do que até ali. 
Meu rosto sobressaía na paisagem, entre as sombras das árvores na estrada. Um enorme monstro sem expressão. 

 

domingo, 6 de setembro de 2015

Canto da sereia de neon (I)



No meio de um inverno sem frio
Palácio úmido em que me encontro
De natureza vazia, entre paredes e cimentos
Com tantas conexões de fios, uns sobre os outros,
Amontoando-se enorme confusão elétrica
Jaz minha alma talvez levada, talvez ainda não
Eu ofereço tudo o que tenho, puxa vida


E os ventos sopram destituindo minhas roupas e as suas
De sua arbitrariedade, então esvoaçam nossos cabelos
Você tenta ser sério, eu

 Bem, aqui estou e aqui ouço:

“ Quem você pensa que é?”