Eu vi o sol morrer no meu mar
predileto, morrer com as antigas lembranças. Afundando vermelho naquele azul
frio, profundo. O entardecer deixando as coisas avermelhadas até me cegar
completamente as ideias. E perdendo a intenção da lógica, pouco antes experimentada apesar de breve,
pensei, aonde mais eu poderia ir com aquele mar? As ondas estavam calmas
naquela hora e suas pequenas cristas chegavam incessantemente na minha frente,
uma seguindo a outra sem interrupção. Um vento atingia meu rosto, espalhava meus cabelos e raspava na
espuma, traindo aquele ir e vir, empurrando para o ar gotas transparentes. Era
uma esperança que em vão eu via na natureza. Era só uma visão. Mas meu coração sentia diferente, queria permissão para a saudade se instalar confortavelmente e se perder nela. Eu acabara de deixar uma
vida para trás, e ainda assim sabia que a abandonada era eu.
de algum santuário desconhecido
vibram sinos por trás do tráfego e dos prédios
o sol investe contra a cinzenta cidade, morros distantes gritam
pássaros nômades por cima de minha cabeça
e a internet me aguarda, obcecada pesquiso sobre aves migratórias quero confabular com essa natureza ao lado do albatroz um automóvel ao lado de um ganso selvagem um videogame ao lado de um cisne um comercial que pula e ouço dicas para perder peso, e tenho de esperar analiso meu corpo, deixo a mente parada volto para a sacada e eis que meus queridos amigos se foram...