Eu vi o sol morrer no meu mar
predileto, morrer com as antigas lembranças. Afundando vermelho naquele azul
frio, profundo. O entardecer deixando as coisas avermelhadas até me cegar
completamente as ideias. E perdendo a intenção da lógica, pouco antes experimentada apesar de breve,
pensei, aonde mais eu poderia ir com aquele mar? As ondas estavam calmas
naquela hora e suas pequenas cristas chegavam incessantemente na minha frente,
uma seguindo a outra sem interrupção. Um vento atingia meu rosto, espalhava meus cabelos e raspava na
espuma, traindo aquele ir e vir, empurrando para o ar gotas transparentes. Era
uma esperança que em vão eu via na natureza. Era só uma visão. Mas meu coração sentia diferente, queria permissão para a saudade se instalar confortavelmente e se perder nela. Eu acabara de deixar uma
vida para trás, e ainda assim sabia que a abandonada era eu.