sábado, 30 de abril de 2016

olhando o mar ...



Eu vi o sol morrer no meu mar predileto, morrer com as antigas lembranças. Afundando vermelho naquele azul frio, profundo. O entardecer deixando as coisas avermelhadas até me cegar completamente as ideias. E perdendo a intenção da lógica, pouco antes experimentada apesar de breve, pensei, aonde mais eu poderia ir com aquele mar? As ondas estavam calmas naquela hora e suas pequenas cristas chegavam incessantemente na minha frente, uma seguindo a outra sem interrupção. Um vento atingia meu rosto, espalhava meus cabelos e raspava na espuma, traindo aquele ir e vir, empurrando para o ar gotas transparentes. Era uma esperança que em vão eu via na natureza. Era só uma visão. Mas meu coração sentia diferente, queria permissão para a saudade se instalar confortavelmente e se perder nela. Eu acabara de deixar uma vida para trás, e ainda assim sabia que a abandonada era eu.