sexta-feira, 14 de julho de 2017

mediterrâneo



Sou uma poeta sem rumo
Caminhando pela cidade
Uma bandeira no ombro, vermelha
Sangue do meu sangue o mundo
Nunca pensei seriamente no fim
Previ inúmeros conflitos e desilusões
Suicídios dos planos dentro de quartos
Mas isso jamais, minha ambição
Jogada aos corvos, dilacerada pelo tempo

E por esse pôr do sol agudo, visceral como a noite que o precede
Amor, em Marselha fomos tão felizes
Lençóis de cetim, vinhos dramáticos encorpados, e harpas
E hurra hurra em violinos sentimentais
Sombras do que queríamos ter sido
E agora em nuvens e bodegas desolados vemos
A miséria de ser aquilo que tanto negamos