sábado, 3 de setembro de 2016

ainda estou aqui



pelo telefone, meu amor, nem me diga
sobre as palavras tão pouco que ouvias
que elas sim, saíram direto do meu estômago
esses tapas que damos na própria cara
e como você mesmo diz, éramos perdidos

e isso me deixa fula da vida, e meus ossos enterrados
do outro lado da linha telefônica
esse fio horrível percorrendo a zona periférica
madrugada vazia dando murro em ponta de faca 


esperei por você como quem aguarda a redenção
de si mesmo, a novidade de ser outro
mas feito um leão
solto pelas ruas, entre os edifícios cinzentos 
perdendo-se
as meias vermelhas quase transparentes
só para deslizar no sol das tuas pernas