pelo
telefone, meu amor, nem me diga
sobre
as palavras tão pouco que ouvias
que
elas sim, saíram direto do meu estômago
esses
tapas que damos na própria cara
e
como você mesmo diz, éramos perdidos
e
isso me deixa fula da vida, e meus ossos enterrados
do
outro lado da linha telefônica
esse
fio horrível percorrendo a zona periférica
madrugada vazia dando murro em ponta de faca
esperei por você como quem aguarda a redenção
de si mesmo, a novidade de ser outro
mas feito um leão
solto pelas ruas, entre os edifícios cinzentos
perdendo-se
as meias vermelhas quase transparentes
só para deslizar no sol das tuas pernas