sexta-feira, 31 de agosto de 2018

leia-me



  
escrevo palavras no computador
na tela branca as letras vão cavando um tempo
para trazer você de volta
desse mundo oculto onde estás morando

permita que o ritmo dessa linguagem
traga algum segredo de cura
leia, delete depois, não importa
mas sobreviva na minha poesia

viva as ruas, sem medo dos fantasmas
esses seres de espírito complexo
que só aparecem para quem sente o cérebro como um fogo 

saia de tua caverna, te peço
sinta o vento de um outono vibrando

as aves migram e surgem marcando o céu
vultos negros como as letras aqui
rompem espaços na memória
é tudo o que temos, a memória
ela vai e vem, loucamente
e o amor
ele permanece mesmo que solitário
porque dito isso, ele cria imagens pela minha vontade
e ela ataca os males da insanidade desse mundo
cegos estamos, talvez sejamos mais livres do que imaginamos

escrevo porque quero ser lida
e assim com outros olhos
leia-me
acorde




quinta-feira, 14 de junho de 2018

sou o teu fantasma



se você acreditar em mim
um fogo moverá as pedras
nesse chão que construíram
para nós

pense,
podemos correr para o fundo 

dentro

o mais profundo de tudo
nessa festa
que corta o tempo

destaca as máscaras e nos desnuda

e os oceanos engolem
a nossa mente  



 

domingo, 15 de abril de 2018

naquela noite





o meu sonho é mais real do que a realidade aqui
ver você surgir nas sombras da noite
dentro de uma dança de signos numa melodia inaudível
ouvir tuas palavras nunca pronunciadas
apenas no meu inconsciente latejando
pelas têmporas na madrugada o suor
poderia dizer que estivemos juntos?
mas eu senti a tua proximidade, a voz, as mãos em movimento
é como seu eu soubesse ser eu 
junto a ti

naquela noite
ouvi a tua canção
e agora a poucoestavas dentro da minha mente
no sonho
era você
antes de me conhecer