escrevo palavras no computador
na tela branca as letras vão cavando um
tempo
para trazer você de volta
desse mundo oculto onde estás morando
permita que o ritmo dessa linguagem
traga algum segredo de cura
leia, delete depois, não importa
mas sobreviva na minha poesia
viva as ruas, sem medo dos fantasmas
esses seres de espírito complexo
que só aparecem para quem sente o cérebro
como um fogo
saia de tua caverna, te peço
sinta o vento de um outono vibrando
as aves migram e surgem marcando o céu
vultos negros como as letras aqui
rompem espaços na memória
é tudo o que temos, a memória
ela vai e vem, loucamente
e o amor
ele permanece mesmo que solitário
porque dito isso, ele cria imagens pela
minha vontade
e ela ataca os males da insanidade desse
mundo
cegos estamos, talvez sejamos mais livres
do que imaginamos
escrevo porque quero ser lida
e assim com outros olhos
leia-me
acorde