sexta-feira, 31 de agosto de 2018

leia-me



  
escrevo palavras no computador
na tela branca as letras vão cavando um tempo
para trazer você de volta
desse mundo oculto onde estás morando

permita que o ritmo dessa linguagem
traga algum segredo de cura
leia, delete depois, não importa
mas sobreviva na minha poesia

viva as ruas, sem medo dos fantasmas
esses seres de espírito complexo
que só aparecem para quem sente o cérebro como um fogo 

saia de tua caverna, te peço
sinta o vento de um outono vibrando

as aves migram e surgem marcando o céu
vultos negros como as letras aqui
rompem espaços na memória
é tudo o que temos, a memória
ela vai e vem, loucamente
e o amor
ele permanece mesmo que solitário
porque dito isso, ele cria imagens pela minha vontade
e ela ataca os males da insanidade desse mundo
cegos estamos, talvez sejamos mais livres do que imaginamos

escrevo porque quero ser lida
e assim com outros olhos
leia-me
acorde